A leishmaniose visceral tem se espalhado por toda a região de Presidente Prudente e colocado o oeste paulista em uma situação de quase endemia da doença. É o que constatou o médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro, do Hospital Regional de Presidente Prudente “Doutor Domingos Leonardo Cerávolo”, em pesquisa desenvolvida com 352 pacientes diagnosticados e tratados entre 2006 e 2014.
Os dados foram apresentados por Euribel em uma conferência internacional de Parasitologia, em Manchester, na Inglaterra.
Conforme o pesquisador, com base em dados de 2013, dos 45 municípios que compõem o Departamento Regional de Saúde (DRS-XI), 33 (73,3%) já têm a presença do mosquito palha, transmissor da doença, 23 (51%) têm cães contaminados com a Leishmaniose e 17 (31,7%) identificaram pessoas infectadas. No período em análise, houve 22 mortes decorrentes desta patologia.
“Os dados apontam um agravamento progressivo desse cenário, o que nos permite dizer que vivemos uma endemia de Leishmaniose Visceral na região. A tendência é de que pesquisas futuras apontem a presença da doença em todos os municípios da DRS-11”, relata. Na data em que o estudo se desenvolveu, as cidades da Nova Alta Paulista apresentavam a maior incidência, principalmente Dracena, Panorama e Tupi Paulista.
O médico foi um dos dois únicos representantes do Brasil no encontro, realizado entre os dias 1º e 3 de agosto, e que reuniu médicos, biólogos, farmacêuticos, entre outros profissionais relacionados à Parasitologia de todo o mundo. Na conferência principal, Euribel expôs os resultados da pesquisa que desenvolve com acadêmicos de Medicina, mestrandos e professores da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), residentes de Infectologia e pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).
“Um dos principais aspectos a ser destacado neste encontro é a interação com outros pesquisadores e a possibilidade de desenvolver trabalhos conjuntos, em centros de alta tecnologia”, afirma Euribel. “Já firmamos parceria com um profissional da República Tcheca que vai nos auxiliar em pesquisas sobre a origem e o desenvolvimento do vetor da Leishmaniose em nossa região”, declara.
A doença
A Leishmaniose Visceral é uma zoonose que vem crescendo vertiginosamente em ambientes urbanos. Em humanos, causa febre de longa duração, aumento do fígado e do baço e sintomas gástricos como náusea e vômito. Outro sintoma observado na maioria dos pacientes analisados pela pesquisa é a queda no número de plaquetas.
Conforme o infectologista, a média de tempo entre os primeiros sintomas e a efetiva internação foi de aproximadamente 25 dias, e o tempo de hospitalização gira em torno de 26 dias. “Isso mostra que os médicos que fazem o atendimento inicial em seus municípios estão aptos a identificar os sinais da Leishmaniose e encaminhá-los para o HR em curto período de tempo”, aponta.
