Terapia Ocupacional auxilia no tratamento de pacientes do HR
Profissionais atuam com pacientes de diversas clínicas da unidade


15/05/2015 16:04:45 Iury Greghi NOTÍCIAS

O trabalho do terapeuta ocupacional pode ser desconhecido para boa parte das pessoas, mas este profissional exerce um papel importante em diversos tipos de tratamentos, como recurso para prevenir e tratar dificuldades físicas ou psicossociais que interfiram em seu cotidiano.

 No Hospital Regional de Presidente Prudente “Doutor Domingos Leonardo Cerávolo”, pacientes das clínicas de psiquiatria, pediatria, hemodiálise, cardiologia, nefrologia e oncologia contam com o serviço durante o período de permanência na unidade.

Os benefícios da terapia ocupacional podem ser medidos nas esferas da saúde, emocional e social, como explica uma das terapeutas do HR, Juliana Goulart Dolovet. “É sensível a melhora na autoestima, na motivação em dar continuidade ao tratamento, que muitas vezes é longo, além de promover a interação dele com outros pacientes, por meio de atividades em grupo”, explica.

As atividades da T.O. são definidas com base na característica e necessidades de cada indivíduo, esclarece Dolovet. Antes de iniciar o atendimento, é feita uma escuta dirigida, com o objetivo de definir qual deve ser o encaminhamento. Então, ela cruza as informações da entrevista com as orientações da equipe de enfermagem e médica para definir o esquema de trabalho, que pode ser artesanal, lúdico, recreativo ou educativo.

“As atividades são variadas e incluem trabalhos manuais, jogos, pintura, artesanato, entre outras ações adaptadas ao perfil de cada paciente”, comenta Dolovet, que é formada em Terapia Ocupacional e especialista em Saúde Mental.

“Apesar de corrido, o prazer em ver os benefícios que a terapia ocupacional promove nos pacientes é muito motivador. Muitos deles apresentam até quadros de depressão por conta das limitações que a doença impõe, mas com algumas pequenas atividades que ensinamos, a pessoa recupera a vontade de viver”, conta.

Uma dessas histórias é a de Haiydé de Souza Santos, de 56 anos. Após iniciar o tratamento na hemodiálise, ela percebeu que estava perdendo o interesse em fazer os afazeres diários e, pouco a pouco, se entregava à depressão.

Com o acompanhamento da T.O., aprendeu a fazer crochê e se encantou pela técnica. No tempo em que ficava ociosa em casa, passou a usar linha e agulha para confeccionar várias peças, como um tapete, que foi entregue para a T.O. em sinal de gratidão. “Ela me ajudou a expulsar a depressão, sou muito grata pelo trabalho que ela realiza”, relata.

 

Pacientes da psiquiatria

Na clínica de Psiquiatria, a finalidade da T.O. é promover um autoconhecimento, para que ele recupere sua identidade e autoestima, como declara a terapeuta Rayana Dias Santos.

“Nosso trabalho faz com que o paciente saia da ociosidade no leito e desenvolva algumas habilidades, para facilitar a sua orientação, favorecer a interação deles dentro do hospital e na sociedade, desenvolver mecanismos de defesa e fortalecer os vínculos familiares”, comenta.

Nessa enfermaria, conforme Santos, são realizadas atividades artísticas, dinâmicas de grupos, jogos, aulas de expressão corporal, autocuidado, entre outros exercícios. Também há atendimentos individuais, respeitando necessidades específicas de cada atendido.

 

Aprendizado para a vida

Aos 53 anos, a paciente Divina de Souza Mative tem grandes motivos para agradecer ao trabalho da Terapia Ocupacional. Além de lhe proporcionar um momento de distração durante as quatro horas de hemodiálise, a moradora de Indiana está aprendendo a ler por meio da T.O.

“Quando era menor não tinha acesso à escola e achava que nunca mais ia aprender a ler. Mas aqui no hospital estou tendo a orientação que eu nunca tive. É maravilhoso”, relata. “Quando ela passa aqui, todo mundo se alegra, conta histórias, o ambiente muda totalmente”, conta. 

A paciente Lucia Fuentes, 55 anos, diz que “aguarda ansiosamente” pela vinda da terapeuta durante as manhãs. “O benefício é muito grande. Você exercita o cérebro, distrai a mente e aprende coisas novas. É um trabalho indispensável”, relata Fuentes, enquanto prepara mais uma peça de artesanato em fuxico. 

Pacientes de longa permanência se tornam mais do que “alunos” da T.O.: acabam virando amigos, como relata a aposentada Rogéria Alves Cardoso, de 59 anos. Por conta de problemas cardíacos, ela precisa ser internada por períodos de até três meses na unidade.

 “Sempre que eu venho para cá, peço logo para chamarem a T.O. Ela me ajuda muito, nem que seja só para bater um papo, o momento que ela me atende é uma distração”, diz Cardoso, enquanto toma sol na sacada do hospital, acompanhada pela terapeuta.

 


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