Novas medicações são uma "revolução" no tratamento da Hepatite C, aponta estudo
Após terapia, pacientes não apresentam qualquer sinal da doença


16/06/2016 13:52:54 Iury Greghi NOTÍCIAS

Uma pesquisa desenvolvida pelo médico infectologista, Luiz Euribel Prestes Carneiro, do Hospital Regional de Presidente Prudente “Doutor Domingos Leonardo Cerávolo”, aponta que 100% dos pacientes da região submetidos ao novo tratamento da Hepatite C, inserido no Sistema Único de Saúde (SUS) em novembro de 2015, apresentaram carga viral indetectável imediatamente após o ciclo de medicação. Para Euribel, trata-se de uma “revolução” no tratamento da patologia com grande chance desses pacientes terem sido definitivamente curados.

O trabalho coordenado por Euribel analisou as fichas cadastrais e prontuários de 146 pacientes diagnosticados com a doença e que tiveram indicação médica para receberem a nova terapia, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016. Desse total, 75% nunca haviam recebido qualquer medicação de controle da doença, enquanto os demais 25% já tinham sido tratados com medicamentos boceprevir ou teleprevir, porém, permaneciam doentes.

O grupo é formado por pacientes acompanhados pelo ambulatório de hepatites virais do Hospital Regional e que recebem medicações fornecidas gratuitamente pela Farmácia de Medicamentos Especializados (FME), que funciona em prédio anexo ao AME de Presidente Prudente.

A terapia, composta por dois medicamentos, teve duração de 12 a 24 semanas, dependendo da indicação médica. Nenhum deles apresentou carga viral positiva para hepatite após o tratamento. “É importante ressaltar que novas amostras devem ser testadas em outros intervalos de tempo. No entanto, é um resultado muito expressivo e que demonstra uma verdadeira revolução no tratamento da hepatite C”, reforça o médico.

De acordo com Euribel, as terapias tradicionais tinham índices de cura muito baixos, na casa dos 40%. Além disso, os efeitos colaterais eram intensos e chegavam a impedir a continuidade do tratamento. “Atendi muitos pacientes com quadros de transtornos psicóticos decorrentes da alta toxicidade das drogas”, relata. “Outro fator nocivo do antigo tratamento era o tempo de duração, que poderia chegar a um ano”, completa o médico.

O infectologista Alexandre Martins Portelinha Filho, que também participa do estudo, ressalta outra mudança drástica proporcionada pela nova terapia, que é o número de medicamentos administrados ao paciente. “Até meses atrás os tratamentos poderiam ser compostos por 18 comprimidos ao dia, mais uma injeção semanal com grandes efeitos colaterais. Agora o paciente vai precisar tomar apenas dois comprimidos e praticamente sem efeitos adversos”, diz o médico.

Os dados preliminares da pesquisa foram apresentados por Euribel no 9º Workshop Brasileiro para o Estudo das Hepatites Virais, HIV e Coinfecções (9º HepatoAids), realizado no início do mês em São Paulo. Além dele e de Portelinha, participaram da pesquisa a infectologista do HR Natália Nelo, a médica residente Marília Alfaro, os acadêmicos de Medicina Murilo Anadão e Danilo Pena, e a farmacêutica coordenadora da FME, Vitória Spir.

O estudo se desenvolverá até o fim deste ano. Além de verificar os índices de cura, o trabalho pretende traçar um perfil dos pacientes tratados, qual o genótipo (tipo da doença) mais comum e os efeitos colaterais da nova terapia. 


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